quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dez


Hoje o dia por pouco
Não amanheceu,
Os olhos quase quiseram
Fechar-se num cansaço imenso.

As lágrimas desesperadamente
Tentavam irrigar um coração
Que outrora pulsou em alegria.

A alma num grito seco
Foi se calando,
Em flash’s obscuros.

A voz cessou,
O vento soprou,
O corpo foi ao chão.

Havia ali um ponto final
Ansioso por grafar-se
Em uma cova de lamúrias.

Tentei ser meu deus
Na ausência de um,
Tentei por fim apagar a luz.

As mãos que um dia
Carregaram-me no colo
Lutavam sem cessar
Para que eu pudesse enfim

Renascer e novamente tentar.

Bill Olyver, 10/10/2010, 10:10 (data e horário alterados)

(11/10/2010, 19:53)

Scream


Anjos negros pendurados
Aos montes
Num céu rubro e frio.

Gritos ecoavam
Por corredores sombrios,
Mórbidos e vãos.

As luzes queimavam-se;
Se não por medo,
Entre si.

Um olhar infantil
A observar tudo
Deixava uma lágrima tímida correr.

Negando-lhe o surreal,
Um reflexo maldito
Entregava-lhe a verdade.

O mesmo menino a chorar
Agora era, sem opções
Um suicida a decompor-se.

Bill Olyver, 19 de setembro de 2010.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Converse


Saudades do que não vivi,

Amarras as quais não desfiz,

O nó que me suporta

É agora o nó da garganta.


Desaforos levados

De mãos dadas

De volta para casa,


Revoltas envoltas

Num falso manto

De calmaria,


De tudo que vivi

De tudo que sofri

Nada mais é,

Tão doloroso.


Nem tampouco

É mais frio,

Mais sombrio...


Agora estou no centro

Ou fora da circunferência;

A vontade de ser

É tão sufocante.


E nessa de querer

Por fim,

Ser alguém,

Ser ninguém...


Ceifo meu anonimato,

Exponho meu eu,

Perco-me em mim,


E por fim tropeço

No laço dum cadarço

Mal feito,


Um nó que outrora

Me suportou.


Bill Olyver, 01 de outubro de 2010, 11:34.

domingo, 11 de julho de 2010

Make-up


Das inúmeras voltas que dei
Poucas foram as que fiz fora de mim.
Dentre muitas tentativas
Sorrateira ela estava ali, sem citar.

A cada passo a sola se desgasta,
Sempre mais.
E por vezes o cadarço se contorce,
Se entrelaça e me faço um tropeço.

No compasso do mundo,
Que gira sem notar-se,
Igualmente eu caminho
Em círculos carnívoros.

As lágrimas secas se humilham
Mas nem por caridade as liberto,
Os olhos continuam secos
E o brilho falso que plantei ainda é.

Que seja forte
Enquanto a alma da lama
Está lá, silenciosa
Sem despertar de seu ilusório sono.

Bill Olyver, 11 de julho de 2010, 05:32, Curitiba.

sábado, 1 de maio de 2010

Sem fundo


Hoje eu acordei sem querer.
Dentro de mim
Resquícios de um sorriso.

Todos os dias
Por um solavanco invisível
Eu somo apenas mais um.

Mais dois, três que sejam.
Todos abandonados
E perdidos entre si.

Busco no reflexo obscuro
Um traço, um laço
Um abraço quiçá.

Mas na sinceridade
Ser sorriso na solidão
É pedir. Muito aliás.

No embaraço dos meus dedos,
Os mesmos que amarram
Meus cadarços...

No zigue-zague
Entre seus respectivos teclar
Faço mais uma das minhas.

Assim
Suja e solitária,
Como seu criador.

Bill Olyver, 01 de maio de 2010, 21:54.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dez da manhã


Seu incansável sonho
De se desintegrar,
E como massa de modelar
Refazer-se todo.

O cansaço do seu eu frágil
Em ser uma marionete
Preso e retraído.

A soma dos seus sorrisos
Subtraídos pelas suas lágrimas
Cortam. Não só o rosto.

O seu ínfimo amor
Sufocado pelo seu auto-ódio.

Sua beleza presa
Em meio a marcas surreais.

Tudo agora volta a ser o que era,
Você agora vive lado a lado
De quem sempre fugiu.

Seu maior medo
Acabou sem querer
Virando sua maior companhia,
Indesejável e corrosiva.

Bill Olyver, 29 de abril de 2010, 17:41.

domingo, 25 de abril de 2010

Estrela, estrela...


Estrelas

Tão sós

E tão caladas à sua solidão.

Coladas ao céu,
No seu negro vão

Infinito.


Seu brilho

Não é seu,

Nem meu.


É do espaço,
Espaço de tempo,

Da vida.


Tão só, como ser

Como ser, tão só?


Sem sofrer...


Bill Olyver, 16 de abril de 2010.

Sonhos em pó


Você descobre
Que prometer
E não cumprir
São íntimos e paralelos.

Descobre
Que “eu te amo”
É tão simples
Quanto esfarelar três palavras.

Percebe por vez
Que sonhos são tão frágeis,
Tão incapazes de serem
Por si só.

Você chora, você grita
Você implora, ressuscita uma dor.

Depois se conforma e aceita,
Aceita e depois vai embora.

Daí então
Você procura um culpado
Pro assassinato do seu coração.

E talvez nem perceba
Que você girou sozinho
Seu próprio mundo,
Criado e fantasiado.

Bill Olyver, 14 de abril de 2010, 00:36.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ácido


Esquizofrenia vai me devorar.
Minha loucura me cega
E se perde em si mesma.

Bipolaridade vai de encontro
Contra si mesma
Na via de mão única.

Depressão apaga as luzes
E deixa a crescida criança
Chorando no escuro.

Solidão devora,
Seu coração e sua alma.
O deixa oco. Oco ser.

Louco! Insano maluco.
Maluco normal. Anormal desencontro,
De faces, de fases.

Meus demônios se nomeiam,
Me confundem
E me desnorteiam.

Esqueci pra que sou.
Paralítico de alma,
Busco no surreal, uma impossível vida real.

Bill Olyver, 17 de abril de 2010, 03:34.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

(Des)Valor


A poesia pode ser...

Momentânea,
Pode ser do instante
Do calor, do fogo.

Nostálgica,
Dona do passado
Do frio, do que ficou.

Real,
Do presente
Do que se vive agora...

Ops! O agora escapou, virou agora pouco.

Poesia pode ser sua, minha
Pode ser nossa.
Nossa briga pela posse.

Pode ser nada.
Ou tudo.
Tudo que você tenha agora
Para lhe fazer par.

Bill Olyver, 05:31pm, 9 de Abril de 2010.

Turbilhão


Sonhei hoje
Que no azul do céu
A cristalina água do mar
Tomava conta do luar.

Sonhei que meus mergulhos
Numa piscina rasa
Me levavam pro fundo.
Pro fundo do mar.

Hoje, eu acordei e lembrei
Que objetos voavam
Sem rumo pelos ares,
Objetos alados?

Sonhei com o passado...
Com o futuro talvez.
Sonhei com o presente!

Mas o melhor de tudo
Foi ter tido outra vez
O direito de sonhar,
Sonhar abstrato.

Bill Olyver, 05:04 pm, 9 de abril de 2010.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Auto Solidão


Eu sorrio sozinho todas as noites para mim mesmo.

Ao deitar, eu me abraço como se eu fosse meu bem mais precioso,
Eu fecho os olhos
e derramo todo o afeto que tenho guardado
e que necessito,
em mim mesmo.

Eu me consolo e me faço companhia,
me faço meu melhor amigo,
meu irmão,
meu namorado,
meu marido, meu eu.

E todas essas noites foram se repetindo.
Após festas,
após encontros,
namoros, negócios.

Todas as noites eu tinha um encontro comigo mesmo.
Descobri que nasci pra mim mesmo,
meu trajeto foi desenhado para rodear-me
e ter o ponto de chegada em mim mesmo.

Eu, meu início meio e fim.

Bill Olyver, 04 de Abril de 2010.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Gravidade


Sua elástica pele
Já arrebentou-se
Suas unhas porcelanadas
Agora parecem ser de casco.

Já não mais
Há-lhe fôlego
Nem mais
Disposição.

Olhar para trás
É tão imenso
Quando atirar-se
Num poço sem fundo.

Seus fios brancos
Aparecem,
No mesmo instante
Em que desaparecem.

Seu corpo todo
Tal como sua alma
Agora pendem juntos
Ao chão.

É, meu caro humano
É bom.
Bom que tenha
Aproveitado o que lhe foi
Meramente emprestado.

Bill Olyver, 02 de Abril de 2010, 12:59am.

domingo, 28 de março de 2010

Sorriso Matinal


Eu abri os olhos,
Novamente uma claridade
Se fez presente
Repugnada pela minha íris.

Novamente sem saída
Pus meu corpo em pé
Artificialmente, confesso.

Dei de cara com o piá do espelho
Que imagem horrível.
Me despi, de corpo e alma.

Fiz de tudo para
Talvez sem sucesso
Amenizar esse vão sombrio.

Eu fiz de tudo minha vida
Para que as lágrimas
Dessem lugar.
Lugar a um sorriso matinal.

Bill Olyver, 28/03/2010, Curitiba, 08:13.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Realismo


O afeto
Não mais me afeta.
Os sentimentos nus
Se despiram de seus sentidos.

A realidade estática
Crua permanece,
Na inércia.

Meus olhos
Vêem o que se passa
Meu coração não.

Minh’alma mecânica
Enferruja.

No insistente sonho
De viver sonhando
A vida passa,
E repassa suas lágrimas.

Bill Olyver, 07 de Março de 2010.

Man In The Mirror


Preciso muito
Conversar com o cara do espelho
Preciso lhe falar
O quanto ele tem sido arrogante
Egoísta.

Preciso que ele me olhe
Que me escute
Nem que eu tenha de gritar
Através de um vidro,
Trincado.

Olhe para mim
Aí do outro lado mesmo
Tente me ouvir.

Tente me ver,
Com seus olhos cegos,
Sua voz muda...

Me liberte, me tire daqui
Não posso fugir
Não posso ser...

Antes que os estilhaços
Me dissolvam
Converse comigo
O cara do espelho está aqui...

Bill Olyver, 21/01/2010, 04:02 pm.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Alma


Criança adulta
Menino crescido
Na marra
Na força da dor.

Eu sei como
Se reprime
Como se restringe
Eu sei como se afasta.

Na dor, no medo
Na luz e no negro.

Quando criança se abre
Se liberta.
Deixa ser quem é

Quando adulto se fecha
Se renega.
Finge ser quem é

É um menino crescido
Uma criança adulta
Que sofre por não
Ser eternamente.

Eternamente queria ser
Quem nasceu sendo...
Criança inocente,
De corpo e de alma.

Bill Olyver, 03 de fevereiro de 2010, 01:36 am.

Lar Doce Lar


E agora você volta,
Volta para seus próprios braços
Ainda gelados e solitários.

Você percebe que
Sem querer
Deu uma volta no seu próprio mundo.

Agora você volta
Para você mesmo,
De quem sempre fugiu.

Os antigos medos,
De solidão e tristeza
Parecem terem sumido

Como tudo o que
Você achou que tinha
Para sempre...

Agora seu coração
Não arde nem chora,
Apenas pulsa

Pulsa num peito frio e vazio
Congelados pelo cansaço
Da sua alma sofrida.

Bill Olyver, 04 de março de 2010, 05:53am.

Adeus


É triste dizer
Que na mesma vida
Onde ando pelo túnel sem fim
Meus sorrisos um dia tem de morrer.

É fácil escrever,
O grafite desliza com amor
Promessas de eternidade
Que a borracha esfarela sem temer.

Numa folha de papel
Escrevo linhas,
Escrevo histórias.

Dito contos e recontos,
Dito regras,
Dito sonhos.

As palavras nunca são
Fortes o bastante
Pra se eternizarem
Nos livros que estampam minha estante.

Bill Olyver, 23/02 08:11 pm, Salvador

sábado, 30 de janeiro de 2010

Reencontro


Peça por peça
Se encaixa
Enquanto o gato?
Deitado na caixa.

Pedra por pedra
Rola
E no poente
O sol se embola

Pingo por pingo cai
E no azul cinzento
O raio
Esbravece

Corre rio
Chove chuva
No meio do deserto
Rola a areia.

O sofrimento nunca é
Demasiado forte
Pra destruir
O que foi tecido com a alma.


Bill Olyver, 25/01/2010, 10:00pm.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Apontador


O coração não reclama
Nem por pulsar
E nem por espremer-se
A cada decepção, derrota.

Durante toda sua vida
Ele pulsa, lhe faz ser singular
Cada sentimento, cada pedaço
Ele guarda tudo consigo.

E você, num momento ingrato
Decide, por fim, que
Não há motivos para
Mantê-lo vivo.

Sem pensar nem titubear
Quer feri-lo, magoá-lo
Ele que por sempre
Lhe suportou...

Suportou você e suas mágoas,
Seus choros, alegrias,
Seus altos e baixos,
Vida e morte.

Num carrossel de desespero
Seu vermelho torna-se,
Sem merecer
Um negro vão, frio e sólido.

Bill Olyver, 29 de dezembro de 2009, 01:28, Curitiba.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Fato


O ser humano
É um bicho.
Que não come sem lamber,
Não lambe sem cheirar,
Que não cheira sem olhar.

O ser humano
É um bicho.
Que não anda sem saber
Com quantas patas,
Quantos passos vai dar.

É um bicho.
Que de tão animal
Nem admite ser
O que realmente é.

Bill Olyver, 11 de janeiro de 2010, Curitiba, 11:33PM.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Esconderijo


Pra suportar a dor
Da vida
Eu engulo sentimentos,
Engulo choros, lágrimas.

Pra suportar a dor
Dos dias
Eu guardo mágoas,
Guardo tristezas, lamentos.

Nesse pique - esconde negro
O sorriso, a ciranda da infância
Não tem vez.
Nem um, nem outro.

Tenho medo
De tanto engolir
Me afogar,
De tanto guardar
Me esquecer onde foi que escondi.

Bill Olyver, 31/12/09, 03:44.

Tédio


Eu peço
Nesse chato vazio
Que voltem
Minha velha infância
Minha criança esperança.

Que algo se faça
Mesmo que aqui, ali
Surjam defeitos.

Eu peço
Que minha vida
Não deixe
De ser, de sentir, de viver
Não deixe morrer.

Porque aqui estou
Tenho que ser
E fazer, da melhor,
Da mais bonita forma.

Sem que antes cesse
Tudo que um dia
Eu esperei
Para ver enfim.

Bill Olyver, 07 de janeiro de 2010, 12:03, Curitiba.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Cuide bem do seu amor, seja ele quem for.


Me faça ser humano
Me faça ser real
Me faça um favor
Me faça ser um anjo.

Me dê asas
Me de liberdade
Faça-me voar
Alto, longe.

Porque a vida
É contada de trás pra frente
Injustamente.

Antes que minhas asas quebrem,
Me faça um favor...
Me ame, sem cessar...
Me ame.

Bill Olyver, 01 de janeiro de 2010, 04:46 pm.