quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dez da manhã


Seu incansável sonho
De se desintegrar,
E como massa de modelar
Refazer-se todo.

O cansaço do seu eu frágil
Em ser uma marionete
Preso e retraído.

A soma dos seus sorrisos
Subtraídos pelas suas lágrimas
Cortam. Não só o rosto.

O seu ínfimo amor
Sufocado pelo seu auto-ódio.

Sua beleza presa
Em meio a marcas surreais.

Tudo agora volta a ser o que era,
Você agora vive lado a lado
De quem sempre fugiu.

Seu maior medo
Acabou sem querer
Virando sua maior companhia,
Indesejável e corrosiva.

Bill Olyver, 29 de abril de 2010, 17:41.

domingo, 25 de abril de 2010

Estrela, estrela...


Estrelas

Tão sós

E tão caladas à sua solidão.

Coladas ao céu,
No seu negro vão

Infinito.


Seu brilho

Não é seu,

Nem meu.


É do espaço,
Espaço de tempo,

Da vida.


Tão só, como ser

Como ser, tão só?


Sem sofrer...


Bill Olyver, 16 de abril de 2010.

Sonhos em pó


Você descobre
Que prometer
E não cumprir
São íntimos e paralelos.

Descobre
Que “eu te amo”
É tão simples
Quanto esfarelar três palavras.

Percebe por vez
Que sonhos são tão frágeis,
Tão incapazes de serem
Por si só.

Você chora, você grita
Você implora, ressuscita uma dor.

Depois se conforma e aceita,
Aceita e depois vai embora.

Daí então
Você procura um culpado
Pro assassinato do seu coração.

E talvez nem perceba
Que você girou sozinho
Seu próprio mundo,
Criado e fantasiado.

Bill Olyver, 14 de abril de 2010, 00:36.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ácido


Esquizofrenia vai me devorar.
Minha loucura me cega
E se perde em si mesma.

Bipolaridade vai de encontro
Contra si mesma
Na via de mão única.

Depressão apaga as luzes
E deixa a crescida criança
Chorando no escuro.

Solidão devora,
Seu coração e sua alma.
O deixa oco. Oco ser.

Louco! Insano maluco.
Maluco normal. Anormal desencontro,
De faces, de fases.

Meus demônios se nomeiam,
Me confundem
E me desnorteiam.

Esqueci pra que sou.
Paralítico de alma,
Busco no surreal, uma impossível vida real.

Bill Olyver, 17 de abril de 2010, 03:34.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

(Des)Valor


A poesia pode ser...

Momentânea,
Pode ser do instante
Do calor, do fogo.

Nostálgica,
Dona do passado
Do frio, do que ficou.

Real,
Do presente
Do que se vive agora...

Ops! O agora escapou, virou agora pouco.

Poesia pode ser sua, minha
Pode ser nossa.
Nossa briga pela posse.

Pode ser nada.
Ou tudo.
Tudo que você tenha agora
Para lhe fazer par.

Bill Olyver, 05:31pm, 9 de Abril de 2010.

Turbilhão


Sonhei hoje
Que no azul do céu
A cristalina água do mar
Tomava conta do luar.

Sonhei que meus mergulhos
Numa piscina rasa
Me levavam pro fundo.
Pro fundo do mar.

Hoje, eu acordei e lembrei
Que objetos voavam
Sem rumo pelos ares,
Objetos alados?

Sonhei com o passado...
Com o futuro talvez.
Sonhei com o presente!

Mas o melhor de tudo
Foi ter tido outra vez
O direito de sonhar,
Sonhar abstrato.

Bill Olyver, 05:04 pm, 9 de abril de 2010.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Auto Solidão


Eu sorrio sozinho todas as noites para mim mesmo.

Ao deitar, eu me abraço como se eu fosse meu bem mais precioso,
Eu fecho os olhos
e derramo todo o afeto que tenho guardado
e que necessito,
em mim mesmo.

Eu me consolo e me faço companhia,
me faço meu melhor amigo,
meu irmão,
meu namorado,
meu marido, meu eu.

E todas essas noites foram se repetindo.
Após festas,
após encontros,
namoros, negócios.

Todas as noites eu tinha um encontro comigo mesmo.
Descobri que nasci pra mim mesmo,
meu trajeto foi desenhado para rodear-me
e ter o ponto de chegada em mim mesmo.

Eu, meu início meio e fim.

Bill Olyver, 04 de Abril de 2010.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Gravidade


Sua elástica pele
Já arrebentou-se
Suas unhas porcelanadas
Agora parecem ser de casco.

Já não mais
Há-lhe fôlego
Nem mais
Disposição.

Olhar para trás
É tão imenso
Quando atirar-se
Num poço sem fundo.

Seus fios brancos
Aparecem,
No mesmo instante
Em que desaparecem.

Seu corpo todo
Tal como sua alma
Agora pendem juntos
Ao chão.

É, meu caro humano
É bom.
Bom que tenha
Aproveitado o que lhe foi
Meramente emprestado.

Bill Olyver, 02 de Abril de 2010, 12:59am.