domingo, 28 de março de 2010

Sorriso Matinal


Eu abri os olhos,
Novamente uma claridade
Se fez presente
Repugnada pela minha íris.

Novamente sem saída
Pus meu corpo em pé
Artificialmente, confesso.

Dei de cara com o piá do espelho
Que imagem horrível.
Me despi, de corpo e alma.

Fiz de tudo para
Talvez sem sucesso
Amenizar esse vão sombrio.

Eu fiz de tudo minha vida
Para que as lágrimas
Dessem lugar.
Lugar a um sorriso matinal.

Bill Olyver, 28/03/2010, Curitiba, 08:13.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Realismo


O afeto
Não mais me afeta.
Os sentimentos nus
Se despiram de seus sentidos.

A realidade estática
Crua permanece,
Na inércia.

Meus olhos
Vêem o que se passa
Meu coração não.

Minh’alma mecânica
Enferruja.

No insistente sonho
De viver sonhando
A vida passa,
E repassa suas lágrimas.

Bill Olyver, 07 de Março de 2010.

Man In The Mirror


Preciso muito
Conversar com o cara do espelho
Preciso lhe falar
O quanto ele tem sido arrogante
Egoísta.

Preciso que ele me olhe
Que me escute
Nem que eu tenha de gritar
Através de um vidro,
Trincado.

Olhe para mim
Aí do outro lado mesmo
Tente me ouvir.

Tente me ver,
Com seus olhos cegos,
Sua voz muda...

Me liberte, me tire daqui
Não posso fugir
Não posso ser...

Antes que os estilhaços
Me dissolvam
Converse comigo
O cara do espelho está aqui...

Bill Olyver, 21/01/2010, 04:02 pm.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Alma


Criança adulta
Menino crescido
Na marra
Na força da dor.

Eu sei como
Se reprime
Como se restringe
Eu sei como se afasta.

Na dor, no medo
Na luz e no negro.

Quando criança se abre
Se liberta.
Deixa ser quem é

Quando adulto se fecha
Se renega.
Finge ser quem é

É um menino crescido
Uma criança adulta
Que sofre por não
Ser eternamente.

Eternamente queria ser
Quem nasceu sendo...
Criança inocente,
De corpo e de alma.

Bill Olyver, 03 de fevereiro de 2010, 01:36 am.

Lar Doce Lar


E agora você volta,
Volta para seus próprios braços
Ainda gelados e solitários.

Você percebe que
Sem querer
Deu uma volta no seu próprio mundo.

Agora você volta
Para você mesmo,
De quem sempre fugiu.

Os antigos medos,
De solidão e tristeza
Parecem terem sumido

Como tudo o que
Você achou que tinha
Para sempre...

Agora seu coração
Não arde nem chora,
Apenas pulsa

Pulsa num peito frio e vazio
Congelados pelo cansaço
Da sua alma sofrida.

Bill Olyver, 04 de março de 2010, 05:53am.

Adeus


É triste dizer
Que na mesma vida
Onde ando pelo túnel sem fim
Meus sorrisos um dia tem de morrer.

É fácil escrever,
O grafite desliza com amor
Promessas de eternidade
Que a borracha esfarela sem temer.

Numa folha de papel
Escrevo linhas,
Escrevo histórias.

Dito contos e recontos,
Dito regras,
Dito sonhos.

As palavras nunca são
Fortes o bastante
Pra se eternizarem
Nos livros que estampam minha estante.

Bill Olyver, 23/02 08:11 pm, Salvador