quinta-feira, 1 de abril de 2010

Gravidade


Sua elástica pele
Já arrebentou-se
Suas unhas porcelanadas
Agora parecem ser de casco.

Já não mais
Há-lhe fôlego
Nem mais
Disposição.

Olhar para trás
É tão imenso
Quando atirar-se
Num poço sem fundo.

Seus fios brancos
Aparecem,
No mesmo instante
Em que desaparecem.

Seu corpo todo
Tal como sua alma
Agora pendem juntos
Ao chão.

É, meu caro humano
É bom.
Bom que tenha
Aproveitado o que lhe foi
Meramente emprestado.

Bill Olyver, 02 de Abril de 2010, 12:59am.

2 comentários:

  1. Olhando essa tarde para minha vó, fiquei ali analisando o peso de uma vida com 80 anos vividos. Tanta lembrança, tanta coisa acumulada, tanta coisa ultrapassada e passada. Quanta fragilidade. Assim somos, meros frágeis marionetes dessa regressiva contagem.

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  2. Eu já olhei esse mesmo ponto, essa mesma matriz. Nas análises conclui que eram minhas as lembranças acumuladas no peso dos 84 anos de minha avó materna. Em cada rugas eu menino corria a alegria e desencantos momentâneos da minha infância. O pé de goiaba, o pé de manga, o vaso de pacholi no pé do poço caipira, todos vieram repovoar minhas lembranças de um tempo que deixou saudades.

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