quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dez da manhã


Seu incansável sonho
De se desintegrar,
E como massa de modelar
Refazer-se todo.

O cansaço do seu eu frágil
Em ser uma marionete
Preso e retraído.

A soma dos seus sorrisos
Subtraídos pelas suas lágrimas
Cortam. Não só o rosto.

O seu ínfimo amor
Sufocado pelo seu auto-ódio.

Sua beleza presa
Em meio a marcas surreais.

Tudo agora volta a ser o que era,
Você agora vive lado a lado
De quem sempre fugiu.

Seu maior medo
Acabou sem querer
Virando sua maior companhia,
Indesejável e corrosiva.

Bill Olyver, 29 de abril de 2010, 17:41.

2 comentários:

  1. Simplesmente sublime.
    Senti em minha própria face que
    "A soma dos seus sorrisos
    Subtraídos pelas suas lágrimas
    Cortam. Não só o rosto."
    Quanta alma, quantos sentimentos trasbordados, a quantas indagações fui submetida!

    Escreve com paixão e isso é admiravel!

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  2. Somos tão frágeis, tão vulneráveis né? Se colocarmos nossa alma em uma balança de comparações...
    Como disse um amigo meu "o coração do poeta não bate, pulsa nos dedos de quem escreve".

    Obrigado por ler =]

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