sábado, 19 de setembro de 2009
Flabi
Bom mesmo é poder
olhar para dentro
do meu coração
e ver seu nome escrito nele
com letrinhas tortas
que seguem uma rima
compassada com cada batida.
Bom mesmo é saber,
saber que você
é meu céu e meu chão
e que sozinho
nunca mais eu estarei.
meu escuro se fez luz
meu choro, sorriso
minha alma morta agora brilha
Bom mesmo é poder dizer
quantas vezes der vontade
que é por você que eu vivo,
por você que eu sigo,
sigo em frente.
eu, você, ‘a gente’.
Bill Olyver, 19 de setembro de 2009.
Agulha
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Balança
Terra do Nunca
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Bicho Gente
Hoje tentei brincar de deus,
Quis escrever à minha imagem
E semelhança.
Quis completar um vago vão,
Um buraco negro imenso
Que me engole a razão.
De lápis na mão,
Folha no colo
Borracha na contra-mão.
Fiz rabisco.
Num instante que pisco,
Rasguei a folha,
Que desastre,
No meu olho, um cisco.
Fiz rabisco.
Nascia então uma frase torta,
Estranha,
Burra como porta.
Fiz rabisco.
Num egoísmo insistente,
Ó céus,
Criei um bicho gente.
*Verso base:Nascia então uma imagem torta,
Estranha,
Burra como porta.
Bill Olyver, 07 de setembro de 2009, 14:34.
Novelo de Lã
Tem vezes que me pego a tricotar
Perdido,
No silêncio de mim mesmo.
Faço esculturas de fio branco,
Os fios se soltam,
Logo elas se desfazem.
Nesse vai e vem da agulha
Eu desejo apenas
Ter ao menos uma forma.
Queria mesmo ser,
Um lençol, uma fronha
Um edredom quiçá.
Sonho,
E por fim, acabo mesmo
Sendo uma colcha de retalhos.
Bill Olyver, 06 de setembro de 2009, 14:39
Redemoinho
Quero ser uma pedrinha roliça
Me atirar num lago,
E ver quicar
Pulando sem preguiça.
Quero molhar meus pés,
Sentado à beira
Com a bermuda suja de barro,
Depois voltar ao meu convés.
Sem pressa,
Ver a água empurrar
Meu barquinho de papel,
E gritar que a vida é essa.
Quero apenas ser criança
Pra que dentro de mim não morra
Meu adulto frágil,
Meu refúgio esperança.
Bill Olyver, 07 de setembro de 2009, 14:35.
domingo, 6 de setembro de 2009
Poste
Tem vezes que
Os estilhaços da minha mente
Cegam os olhos da minha alma.
Não sei se ando,
Se galopo, se corro.
Não sei nem falar
E nem latir,
Socorro.
De tanto fugir de mim
Me encontro,
No que era pra ser
Um forçado desencontro.
Dei de cara comigo mesmo,
Que cara eu tenho?
Bill Olyver, 07 de setembro de 2009, 12:16 am.
Caderno
As palavras engasgam
Na ponta dos dedos
Preciso de um verso,
De uma rima,
Preciso criar um universo.
Combinar linhas,
Frases cantadas,
Nada disso importa agora,
Nesse espaço vazio
Logo aí em baixo.
É só um desabafo
De um desesperado criar
E sem motivos,
Sem nem vontade
Letras vem apenas espiar.
Pra que torturar-se
Afinal?
O vento sopra quando quer
Pra onde quer,
Preciso parar.
Nem poesia, nem texto
Nem rima, nem linha
Caneta, papel, arte
Que confusão a minha
Sem querer ser deus
Criei outro dos meus.
Bill Olyver, 06 de setembro de 2009, 11:57pm.
Cova Rasa
A cada segundo eu morro
E nasço no logo seguinte
Construo dentro de mim
Vários de mim mesmo.
Posso ser cruel,
Posso ser egoísta até.
Tento me construir,
Mas sou péssimo arquiteto,
Pedreiro, pintor...
Eu sou um mero aprendiz.
A minha estrutura é frágil,
A minha estrutura é pura até.
Deixo-me morrer,
Faço-me viver.
Me destruo, me desmonto
E sozinho mesmo, me refaço todo.
Nessa insistência
De querer ser um alguém,
Eu me perco em mim mesmo
E acabo não sendo ninguém afinal.
Bill Olyver, 06 de setembro de 2009, 14:20.
sábado, 5 de setembro de 2009
Deserto
A velha senhora
Cansada de sua idade
Sob o sol forte caminhava
Num desespero nú e mudo.
De tão sem vida
Seus olhos nem reflexo vertiam
E suas pernas
Arrastavam-se ao longo do inútil.
Uma canção de fadiga,
Suspiros e soluços
Pairava na brisa escaldante
Virou seus olhos ao chão,
Sem ter forças
Despencou sobre suas pernas
‘Mereço eu viver tanto?
Preciso eu viver tanto?
Desejo eu viver tanto?’
‘Merece você reclamar tanto?
Precisa você reclamar tanto?
Deseja você reclamar tanto?’
Bill Olyver, 05 de setembro de 2009.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Canguru
Carregava todo dia em suas costas,
Sem reclamar
Girava numa melodia de pneu,
Vento e asfalto.
A noite no silêncio do fim
Espiava tudo da garagem,
Haveria homem mais triste
Do que o daquela imagem?
Guardava no seu guidão
Sentimento jamais provado,
Parecia que amava
De tanto que agarrava com a mão.
‘Venha minha amiga
Me acompanhe,
Já não tenho mais vida’
Sentou-se na beira do chão,
Cansado de somar
Iria daqui pra frente
Apenas viver a sonhar.
Bill Olyver, 01 de setembro de 2009, 22:18
Fortuna (?)
A madame perua
Arrumava sua cabeleira.
Pente vai, tesoura vem
Chamaram por ela
Não apareceu ninguém.
Mulher do nariz empinado
Trazia tanta sacola na mão,
Equilibrava-se pra cá, pra lá
Chegavam até a roçar o chão.
Lá no meio da rua
Se fazia a multidão
‘Olhem que desgraça,
Estirada está no chão.’
Por incrível que pareça,
De tanto ser fútil
Perdeu sua pobre filha
Deu lugar a preocupação inútil.
E agora chora de dia até que escureça.
Bill Olyver, 01 de setembro de 2009, 18:20.
Querer renascer
Perdido em mim,
Me perdi em mim,
Afinal ‘que sou nós’?
Negro, tudo negro, vãos frios e escuros.
Eu queria vida, tive morte
Pedi um sorriso, ganhei morte
Ó deus, apenas ser um outro alguém, ouvi a porta bater-se.
Realidade estática, o mundo não gira
Ele apenas é, frio e morto, apenas é...
Sentidos...para quê sê-los?
Se somem em mim, me fazem ser, mas não me querem, não me têem
Me desculpe racionalidade, mas não posso mais funcionar
Estou fechando as portas para a luz, para a luz...
Bill Olyver, 06 de julho 2009, 5:46 am
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